sábado, 22 de junho de 2013

                            Necessidade ou só desejo?


       O aumento na venda de peças falsificadas traz à tona o questionamento sobre o valor de cada produto para as pessoas


Alvo de critica ou de desejo, bolsas que custam o valor de um carro sempre serão polemicas. Mas não só bolsas, como sapatos, casacos (até mesmo chinelos), produzem um sentimento de fetiche nas pessoas (principalmente mulheres). Elas gastam todo seu cheque especial e ficam endividadas para carregar um broche, ou qualquer mínimo pedaço de pano que traga uma marca. Mas a realidade é que essas marcas são conhecidas como Maisons, famosas lojas que existem há anos (até mesmo centenas deles), e que carregam na história, a tradição de serem sempre usadas por parte da população mais famosa da região.


Gabrielle Bonheur Chanel
Para entender o poder de uma Maison, que conheçamos a mais famosa. Gabrielle Bonheur Chanel começou sua carreira cantando em bares. Atraído por seu corpo e beleza, Etienne Balsan apaixona-se por Chanel. Tornando-se mulher de um socialite, Chanel se entrega totalmente à criatividade, que sempre correu por suas veias. Começa a costurar belos chapéus para a burguesia, e atrai olhares de todos por onde passa, pelo seu modo irreverente de se vestir. Até hoje é conhecida por mudar radicalmente o vestuário da época, adaptando peças masculinas ao armário feminino. Por serem usadas pela alta burguesia, suas peças custavam um preço alto.



Assim, a partir do século XX, começa a pirataria da moda. Todos desejam a peça-chave do momento. Ela se torna um símbolo de distinção de classes sociais, e é um anseio do ser humano desde os tempos mais primórdios ser bem visto. E, no século XXI, esse consumo de peças falsificadas aumenta, a partir do aumento proporcional do mercado de luxo e das tecnologias.

A falsificação dos produtos traz um pensamento sociológico que deve ser questionado. Ele revela uma sociedade que deseja os produtos apenas pelo poder que eles trazem. A vontade de “ter só para ter”. Além disso, esse consumo desenfreado mantém-se num ciclo vicioso, na medida em que no mundo contemporâneo, tudo o que é novo, é melhor. Logo, as lojas fabricam peças novas a todo o momento, obtendo o lucro garantido.

Saara, no Rio de Janeiro

Porém, não o que acontece com as classes inferiores. As pessoas tentam fazer parte desse estilo de vida e consumo, procurando produtos que parecem muito com os originais. E lojas fast fashion, ou outros produtores, passam a fabricar peças que se igualam às originais, com preços muito mais baratos. Para Felipe dos Anjos, esse mercado abriu as portas para um consumo de pirataria desenfreado: “Acredito que todo mundo tem peças da China. Algumas pessoas com certeza vão falar que são contra a pirataria, mas possuem peças que não são verdadeiras. Se todos fossem totalmente contra o que falam, o Saara estaria fechadaoe não seria o maior polo de vendas o Rio de Janeiro. Não tem como, a pirataria sempre existiu e sempre vai existir”.


          De um modo geral, a maioria das pessoas que consomem os produtos falsificados, afirmam que o custo dos produtos originais é um absurdo. “Não tem como comprar um cd de musica por 50, 60 reais. Ainda mais hoje em dia, onde as musicas podem se baixadas na internet mesmo. Acabo comprando no camelô da rua mesmo. Compro três cd’s por 10 reais, porque gosto de escutar no meu carro”, conta Victor Carvalho.

Somente neste ano, o consumo de peças falsificadas movimentou R$ 46,5 bilhões nos setores de roupas, tênis e brinquedos. Com o aumento de sites de vendas, o consumo tornou-se maior ainda. Vendedores da China anunciam seus produtos por preços muito baratos, atraindo o olhar de consumidores que poderiam até comprar o produto original. “Eu já tinha comprado um celular no final do ano, e ele foi muito caro porque era original. Acabei perdendo no carnaval e ainda nem tinha acabado de pagar. Quando fui pesquisar na internet, vi um celular com as mesmas funções por muito mais barato. Comprei da China e chegou um mês depois. Achei bem mais em conta”, narra Ialu Iumê

Mas, para muitas pessoas, o consumo de peças falsificadas é totalmente errado, e no fim das contas, a pessoa que compra a peça para mostrar status, acaba produzindo outro tipo de sentimento em quem reconhece que a peça não é verdadeira. “Eu acho que não tem nada a ver. Se você tem dinheiro pra comprar uma bolsa de cinco mil reais, bacana, compra e usa. Mas se você não tem, não compra uma mais barata, falsificada. Todo mundo reconhece que é falsa, e além disso, é um dinheiro gasto desnecessariamente. A peça não tem uma boa qualidade, não vai durar. Não entendo porque as pessoas acham isso legal”, questiona Joana Almeida

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